segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Sobre as “espécies” de animais que entraram na Arca

Conforme artigo científico publicado recentemente na Academia Journal of Scientific Research, do qual eu sou um dos autores, existem cerca de 2 milhões de espécies vivas já catalogadas, sendo mais de 60 por cento delas insetos. Porém, as estimativas são a de que existam entre 9 e 100 milhões de espécies ainda não conhecidas.1 Ademais, há 300 mil espécies fósseis do cambriano/edicara ao pleistosceno. É um erro assumir que todas essas espécies entraram na arca.
Muitos, ainda hoje, interpretam de forma errada a palavra espécie, mal traduzida nas versões da Bíblia em português. Porém, o criacionista honesto entende que o termo bíblico  espécie nada tem que ver com a unidade básica de classificação utilizada hoje na Biologia moderna. Noé não foi instruído a embarcar dois exemplares de cada espécie, como se ele usasse nosso sistema taxonômico. Em vez disso, o termo correto, concebido por Frank Marsh em 1941, é conhecido por “baramin” que deriva do verbo hebraico bara (criado) e min (tipo) – referindo-se a tipos básicos criados.2 Portanto, como informa Gênesis 7:2, Noé deveria levar apenas um casal de todos os tipos básicos de animais imundos e sete pares de todos os tipos básicos de animais considerados puros. Logo, o “tipo” bíblico é o equivalente ao nível “família” da taxonomia moderna (veja a Figura 1).
Figura 1 – Tipos básicos equivalem ao nível família. Fonte: adaptado de Junker e Scherer (2002)
Conforme Gênesis 7:14, apenas animais terrestres e que voavam deveriam ser levados para dentro da Arca. Portanto, organismos marinhos deveriam ficar de fora, e não há consenso se seria necessário levar insetos a bordo (embora houvesse espaço suficiente para eles). Em 2013, cálculos apresentados em um estudo realizado por estudantes do departamento de física da Universidade de Leicester demonstraram que a Arca de Noé poderia flutuar com 70 mil animais a bordo.3Embora não tenha havido necessidade de entrada de tantos animais assim conforme atualização das estimativas que mostraremos adiante.
Antes, é necessária uma contextualização a partir de uma retrospectiva a fim de entendermos quais foram os esforços criacionistas até aqui, diante das evidências científicas disponíveis para cada época, para montar o cenário ideal relativo ao número mais realista e aos tipos de animais levados a bordo na arca.

domingo, 19 de novembro de 2017

Baraminologia e especiação rápida após o dilúvio

Nos últimos meses uma polêmica se instaurou na mídia, principalmente naqueles canais de divulgação parciais dominados pelo partidarismo evolucionista e ateu que, de maneira alguma, aceitam ter sua fé na teoria naturalista confrontada. Trata-se de um artigo publicado em uma revista científica estrangeira intituladaAcademia Journal of Scientific ResearchO periódico está avaliado, indexado e classificado na lista do Qualis Periódicos da Capes, sistema oficial de classificação da produção científica brasileira dos programas de pós-graduação, nas áreas de Biotecnologia, Ciências Biológicas II e Medicina I e II, o que por si só justifica a atenção dada ao artigo publicado. Vale lembrar que o estudo, até ser publicado, passou por várias etapas, tais como levantamento e sistematização de referenciais atuais sobre o tema, escrita e reescrita, inúmeras vezes, revisão de orientadores, especialistas, editores, enfim, toda uma rede de pessoas que tornou isso possível.

O artigo, cujo título é “Speciationin real time and historical-archaeological and its absence in geological time”, causou euforia e pânico geral devido ao fato de os autores serem proponentes da comunidade do design inteligente e do criacionismo. Inclusive eu, que escrevo este artigo, sou um dos autores dessa pesquisa. Mas do que se trata esse artigo? Por que ele foi tão polêmico assim?

Vale lembrar que ao longo de décadas tem havido uma confusão geral sobre o significado de espécies, comparações impróprias e erros de classificação dos seres vivos. Em artigo publicado na revista Science, por exemplo, Schwartz e Tattersall afirmam que esse milagre da multiplicação da nomenclatura das espécies foi longe demais. Diante disso, o artigo publicado por criacionistas e tedeístas vem apresentando evidências reais e atuais sobre uma revolucionária metodologia de estudo de classificação de espécies associada ao dilúvio bíblico, chamada de Baraminologia, ou, como mostra a própria raiz da palavra “baramin”, que deriva do verbo hebraico bara (criado) e min (tipo) – referindo-se a tipos básicos criados.

Segundo Reinhard Junker e Siegfried Scherer, “tipos básicos é uma unidade de classificação, um taxon, resultado do trabalho da descontinuidade sistemática como é observado na natureza”. Dito de forma simples, tipos básicos criados variabilizaram ao longo do tempo, desde o dilúvio, até chegarem ao que conhecemos hoje como subespécies. Os baraminologistas usam uma série de critérios metodológicos de adesão para determinar os limites dos grupos baramins, isto é, quais organismos compartilham um ancestral comum. De modo geral, os métodos mostram espacialmente graus de similaridade e de dissimilaridade entre grupos (descontinuidade morfogenética), e podem revelar informações taxonômicas úteis, distinguindo cada vez mais os fatores que dão probabilidade ou não de parentesco, aumentando assim sua contribuição em biologia aplicada a técnicas de melhoramento genético e estudo do comportamento evolutivo das populações.